sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ICQ - Iseek you


Começamos trocar email diariamente e logo meu "primo" Rich sugeriu que nos falássemos através do ICQ, um programa de mensagem automatica, como hoje é o MSN. A sigla significava I seek you (eu procuro você).
Foi um Deus nos acuda, gelei de pavor..rsrsrs..como eu ia conversar online com um legítimo americano??? Afinal nos emails eu tinha todo tempo do mundo para olhar o dicionário e pensar o que eu ia escrever, mas ali quase cara a cara não dava. Nananinão, impossivel, me recusei.
Mas diante da doce insistência dele, dizendo que me ajudaria, que entendia minhas dificuldades e que adoraria estar mais "próximo" de mim, eu cheia de medo, finalmente aceitei.
Ainda lembro como o programa era engraçado: a gente via a pessoa digitar e quando a pessoa errava, via o cursor voltando e apagando as letrinhas...como a tecnologia mudou!!!
Rapidamente nos acostumamos diariamente a teclar pelo ICQ e eu esperava ansiosa pelas horas que pássavamos juntos. Toda noite ficávamos de 3 a 4 horas teclando. Naquele tempo (me sinto uma vovózinha escrevendo isso.rsrs) a internet era via telefone, ou seja, enquanto vc usava a internet, seu telefone ficava ocupado! Sim, jovens, isso não é lenda, é real!!!
Mas eu não me importava, o prazer de falar com ele era maior que qualquer conta que eu tivesse que pagar.
Nesse período ficamos muito próximos, ele me contava sobre sua vida e eu sobre a minha. Sobre nossos filhos, sobre trabalho dele, sobre nossos casamentos. Sentia muito solidária com ele, quando ele falava sobre solidão, sobre coisas que sonhava e que não tinha. Era gozado o sentimento que começamos a sentir. Sentia ele como membro da família mesmo, tínhamos muita afinidade. E ele parecia "ler" dentro de mim. Sabia as dificuldades que eu tinha. Quando eu demorava a teclar alguma resposta, ele sabia que eu estava olhando o dicionário e sabia o que eu estava procurando. E sempre arrumava um jeito de explicar a palavra de outra forma. Praticamente era uma aula de inglês, gratuita. :-)
Não sei descrever o que comecei a sentir, mas era um misto de excitação, ansiedade, nostalgia e saudade. Passava o dia pensando na hora que ia ver "as letrinhas aparecendo na tela, vindas de um lugar tão distante". Lugar que costumei chamar de Neverland!

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